Existe na Inglaterra um programa de adoção de palavras, ligado ao dicionário Oxford, chamado Save the Words. Quando se entra em seu bonito site, uma infinidade de palavras multicoloridas pregadas num mural começam a disputar sua atenção aos gritos: “Eu! Eu!” Não é para menos. Você é um potencial patrocinador de sua sobrevivência.
O pessoal do “Salvem as Palavras” explica:
Todo ano, centenas de palavras são expulsas da língua inglesa. Palavras antigas, palavras sábias, palavras trabalhadoras. Palavras que um dia levaram vidas cheias de sentido, mas hoje estão sem uso, mal amadas, rejeitadas.
Hoje, 90% de tudo o que escrevemos é comunicado por 7.000 palavras.
Você pode mudar isso. Ajude a salvar as palavras!
Funciona assim: o primeiro passo é definir a palavra que você deseja adotar. Pode ser uma escolha sua, por simpatia semântica, visual ou sonora, ou você pode preferir que lhe atribuam uma aleatoriamente. Digamos que simpatizei com mowburnt, que significa – eles ensinam – “colheita perdida pelo excesso de calor”. Aí você se compromete a usar a palavra sempre que possível, em bate-papos, emails, reuniões de trabalho, relatórios.
Se eu tivesse adotado mowburnt, estaria em apuros. Como usar uma palavra dessas sem primeiro me mudar para o campo, e não para qualquer campo, mas um campo situado em região de calor abrasivo?
Como recuei antes do clique final, tudo não passou de uma breve experiência lúdica e vou ficando aqui na Gávea mesmo. Embora, confesso, a vozinha daquela pobre mowburnt me volte de vez em quando à consciência: “Me! Me!”
Me consolo pensando que, se fosse no Brasil, eu adotava inconsútil – “que não tem emendas, inteiriço, contínuo”. Acho que seríamos felizes.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/cronica/adote-uma-palavra-abandonada/ - Acesso em 16 de agosto de 2011.
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