sábado, 9 de junho de 2012

Seminário Internacional Das artes e seus territórios sensíveis

Seminário Internacional Das artes e seus territórios sensíveis Diante de um cenário sócio-histórico complexo no que tange à invenção estética no país, em que experimentos artísticos e culturais manifestam uma sensível mudança no modo de se entender e se relacionar com a arte, incluindo aí a derrocada das linguagens tradicionais, a crescente hibridização de gêneros e a complexificação e transdisciplinarização das metodologias de pesquisa e análise, o I Seminário internacional Das Artes e seus territórios sensíveis se propõe à construção de um território-evento privilegiado para a produção de afetos, teorias, movimentos e pensamentos. Ao reunir pesquisadores em artes, de todo o país e do exterior, para além das especificidades de seus domínios de pesquisa, borrando assim as fronteiras entre as associações formais e entidades, o seminário visa a reflexão e problematização pública da pesquisa em artes no Brasil frente à complexidade do fenômeno artístico contemporâneo e para a formulação de um novo pensamento histórico acerca das relações entre pesquisa e arte, teoria e prática, universidade e mundo, hoje. PROGRAMAÇÃO Local das Palestras: Auditório do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro. 12 de junho – Terça-Feira 18:30h Abertura oficial do evento: Discursos de boas vindas proferidos pelo Magnífico Reitor Prof. Dr. Jesualdo Pereira Farias e por Jacqueline Medeiros do CCBNB. 19:00h às 20:30h Palestras de abertura Profa. Dra. Antonia Pereira (UFBA/CAPES) Panorama da Pós-Graduação em Artes no Brasil A pós-graduação em Artes Música cresceu de forma vigorosa nos últimos dez anos. Saímos de 11 programas em 1996 a 42 Programas em 2011. Há uma forte concentração de cursos no sudeste e sul. O nordeste é a terceira região em número de cursos e as regiões norte e centro-oeste são as menos bem atendidas por programas na área de Artes/Música. Há, ainda, alguns estados que não possuem cursos de pós-graduação em Artes/Música, embora possuam instituições que oferecem cursos de graduação em Artes (Maranhão no NE; Amapá, Acre, Roraima, no N). Há, por conseguinte, espaço para crescimento, especialmente se considerarmos a meta de cobrir todos os estados da federação com ao menos um curso de pós-graduação em Artes/Música. Tal meta de expansão não pode desconsiderar, entretanto, o pré-requisito de amadurecimento das condições que justificam a criação de uma pós-graduação strictu sensu, quais sejam: a existência de grupos de pesquisa já consolidados e de docentes titulados e com projetos de pesquisa e produção científica regular e de qualidade. A Área deve estimular propostas de Mestrados e Doutorados Interinstitucionais como estratégia para qualificar recursos humanos em Estados onde não exista pós-graduação strictu sensu na área de Artes/Música. Tal estratégia, com experiências bem sucedidas, já permitiu a criação, no triênio passado (2007/2009), de cursos em dois Estados das regiões norte e nordeste. Prof. Dr. Milton Sogabe (UNESP/CAPES) Arte e pesquisa na academia A pesquisa em arte na academia possui um histórico recente, que altera a predominância de um artista-professor para um pesquisador-artista. Essa situação é acompanhada pela busca do reconhecimento da arte como área de conhecimento na educação e na academia. Nesse novo contexto outros compromissos surgem para o artista, pois o sistema da pesquisa envolve várias atividades. A especificidade da produção de obra como pesquisa na pós-graduação também é discutida. 20:30h às 22:00h Recepção dos convidados coquetel 13 de junho – Quarta-Feira 14:00h Profa. Dra. Andrée Martin (UQUAM/Canadá) Do múltiplo ao multi e ao meta: itinerário do corpo dançando O corpo é um envelope nos diz Jean Luc Nancy. “Ele seve, portanto, para conter aquilo que é necessário para em seguida desenvolver. O desenvolvimento é interminável. O corpo finito contém o infinito, que não é nem alma nem espírito, mas o desenvolvimento do corpo”. Na linhagem de Nietzsche, Nancy abre sobre o infinito do corpo tudo o que isso pode supor de multiplicidade de estados e de pontos de vista. É dessa abertura, sem cessar projetada em direção à pluralidade dos devires possíveis, que nasce o corpo dançante. Um itinerário complexo, às vezes múltiplo e multiplicador, do qual tentaremos dar conta através da ideia salvadora de meta-disciplinaridade. 14:30h Profa. Dra. Cecília Almeida Salles (PUC/SP) Algumas reflexões sobre metodologia e crítica A proposta geral da comunicação é levantar questões que parecem ser relevantes no que diz respeito ao desenvolvimento de pesquisas em arte, visando, especialmente, a pós-graduação. Em um primeiro momento, será enfocada a formação do crítico de arte com o objetivo de discutir seus processos de produção, envolvendo questões metodológicas e articulações teóricas. Em seguida, será dado destaque ao artista que se propõe a desenvolver pesquisas no âmbito acadêmico. 15:00h Prof. Dr. Guto Nobréga ( EBA/UFRJ) Ecologias Híbridas A proposta central de nossa pesquisa, articulada em questões teóricas e práticas no núcleo laboratorial NANO-EBA-UFRJ, é pensar o lugar das ligações sensíveis ativadas no processo de invenção e fruição de máquinas – objetos técnicos (Simondon, 1989) –, assim como suas redes e ecologia de natureza híbrida. O viés de nosso trabalho é determinado pelas questões da arte. Essas são as linhas gerais dessa comunicação. 15:30h Profa. Dra. Maria Beatriz Medeiros (UNB) A pesquisa em arte a partir das reflexões do Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos. Em arte, o corpo e seus onze sentidos se engajam na volução* da eminência do presente. As palavras calam, os tendões escoam para fora dos limites da pele. Nem sempre resultado resulta. No entanto, a vida ocorreu, performance. Relaxo, lapso de silêncio, no mundo desobstruído. Bolhas de prazer e mente esvaziada. Provar o duro, por oposição ao doce da linguagem. Que linguagem para falar desta vida sentida pelo ser humano, por vezes denominado artista, pelos participantes, por aqueles que ousaram “escutar” o sopro de movimentos de invisíveis tensões adubadas ou escoadas no vazio? A arte ímpar, sem par ou ímpar, sem melhor de três ou zerinho ou um, mesmo se realizada em grupo ou em alcateia, ecoa em intersubjetividades prenhas de apreensões do momento. Que metodologia, quando se buscou por semanas enceradeiras e aspiradores de pó em ferros-velho empoeirados, risco de tétano, demasiada poeira, alguma gosma de larvas transportada nas costas e muitas gargalhadas? Que história ou teoria para o descompassado desejo de estar face a face com o aqui-agora já apagado? *Entendemos que não há evolução, nem desenvolvimento. Há volução, processos em voluta, em espiral rodando sem objetivo, sem jamais atingir o centro, sem jamais manter um só movimento. A volução se aproxima da volúpia, quando paixões deixam mentes-corpos em volução. As fragatas planam em volução. “O progresso não é uma ilusão. Ele acontece, mas de forma lenta. E, invariavelmente, termina nos decepcionando.” (George Orwell) 16:00h Prof. Dr. Ricardo Basbaum (UERJ) A imagem do artista Proponho trazer questões em torno da construção da imagem do artista contemporâneo, pensando o artista para além do mero produtor de obras de arte. A partir das pesquisas de Michel Foucault acerca das “tecnologias da produção de si”, tenho trabalhado questões em torno de uma “hermenêutica do artista”, no sentido de investigar as práticas a partir dos quais o artista se constrói em público. 16:30h Profa. Dra. Lucia Gouvêa Pimentel (UFMG) Entreterritórios Ser artista contemporâneo é viver o nomadismo por convicção e vaguear encravado na andança. O espaço da arte apresenta-se indiferenciado e transforma-se em lugar à medida que o dotamos de valor. O próprio objeto artístico pode ser eleito um lugar. Os territórios da arte são contextos movediços, que se mostram e se escondem, nos atravessam e nos instigam, nos incomodam e nos apaziguam. Vivemos mais entre esses territórios que firmemente em algum deles. Como fixar nossa identidade, então, se é nos vãos que nos reconhecemos? Entende-se os vãos como plenos de potencialidades, não como vazios de sentido. As fontes de fruição, contextualização e experimento artístico são uma escolha em rede, que perpassam nós e vãos, que não tem caminhos exatos nem territórios precisos. O que nos move a essa escolha? 17:00h Prof. Dr. Daniel Lins (UFC) Artes e territórios sensíveis: experimentos Trata-se de perceber a relação prático-teórica (experimentos) entre artes e territórios sensíveis, no cotidiano sociopolíticos de territorializados/desterritorializados, e, suas novas invenções de mundos possíveis. Por outro lado, como imaginar uma concepção da estética da existência e do prazer, da invenção e da autonomia de movimentos e desejos, no universo de territórios sensíveis, mediados por uma prática “menor” ou “minoritária” , que privilegia antes o pensamento que a opinião ou a idealização? 17:30h às 18:30h Coffee-break 18:30h às 20:30h Fórum reunindo todos os participantes 14 de junho – Quinta-Feira 14:30h Profa. Dra. Walmeri Ribeiro e da Profa. Ms. Thereza Rocha (UFC) Discutir a criação artística como pesquisa e produção de conhecimento implica em pensar a arte não somente como produtora de outros objetos mas também de outros modos de conhecer. Produzir um exercício de reflexão acerca da dissolução das fronteiras entre teoria e prática na proposição de um conhecer-fazer é o tema central desta fala, nos lançando no território da pesquisa, criação e invenção em arte que manifeste uma sensibilidade às mudanças vigentes no modo de se entender e se relacionar com a arte na contemporaneidade. 15:00h Profa. Dra. Christine Mello (FASM/FAAP) Pesquisa, crítica de arte e prática artística: experiências e diálogos A partir da experiência do Grupo de Pesquisa arte&meios tecnológicos (CNPq, 2007-2012), http://artemeiostecnologicos.wordpress.com, buscaremos explorar possíveis associações entre os campos da pesquisa, da crítica e da prática artística. O grupo investiga processos artísticos tendo em vista uma posição crítica e experimental no campo das relações da arte com as mediações tecnológicas. Nele, a reflexão teórica e artística estreitam suas relações. Formado por Christine Mello, Denise Agassi e Paula Garcia (coordenação), Ana Paula Lobo, Ananda Carvalho, Bruno Mendonça, Claudio Bueno, Eduardo Salvino, Josy Panão, Leandro Carvalho, Lucas Bambozzi, Lyara Oliveira, Marcelo Salum, Mariana Shellard, Monique Allain e Natália Coutinho, vem realizando de modo aberto, semestralmente, ao longo dos últimos anos, os Encontros arte&meios tecnológicos, já estando em sua nona edição. Em seu atual projeto de pesquisa, Amplificação (2010-2012), aborda maneiras com as quais a arte contemporânea rearticula a história da arte por meio de diálogos artísticos. Para tanto, promove leituras entre uma parcela histórica da produção brasileira e a atualidade. Apresenta, com isso, interesses relacionados a artistas como Mario Peixoto, Flávio de Carvalho, Abraham Palatnik, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mira Shendel, Julio Plaza e Rafael França, associados a artistas como Cao Guimarães, Gilbertto Prado, Lucas Bambozzi, Lucio Agra, luiz duVa, Rejane Cantoni, Ricardo Basbaum e Rosangela Rennó. Em seu projeto anterior de pesquisa, Arte contemporânea: o processual em meios tecnológicos (2007-2009), pesquisou processos de temporalização e produziu três exposições na Escola São Paulo. As exposições contaram com curadorias de três de suas críticas-curadoras, com apresentação pública de nove trabalhos artísticos de seus integrantes e a promoção de quatro debates com o público. 15:30h Prof. Dr. Hermes Renato Hildebrand (UNICAMP) As representações topológicas nas redes artísticas A proposta visa observar os dispositivos móveis e suas possibilidades de interação poéticas baseadas nos sistemas e nas mídias locativas e nas redes artísticas. Os dispositivos móveis permitem a construção de cartografias e mapeamentos sociais, culturais e artísticos através das redes, envolvendo práticas que apresentam questões relativas à construção de nossas subjetividades, do senso de privacidade e coletividade e a noção de espaço e tempo que se transforma e passam a constituir a noção de “espaço-tempo” como uma entidade única. 16:00h Profa. Dra. Ana Maria Tavares (USP) Natural-Natural: sobre arte, arquitetura e ciência. Em Natura-Natural a artista e pesquisadora Ana Maria Tavares examinará a maneira como sua obra vem interrogando a interseção entre arquitetura, natureza e ideologia desde o início do movimento moderno até os dias de hoje e, conseqüentemente, demonstrará a maneira como sua produção tem se transformado em um aparato de pesquisa e crítica do modernismo e da modernidade brasileira. Partindo do entendimento de que nem arquitetura nem natureza são entidades estáticas, mas entidades em estado permanente de mudança e transformação, Natural-Natural apresenta sua obra como ativadora dos componentes ideológicos presentes no centro do projeto moderno brasileiro: a modernidade como processo normalizador e normatizador, e a natureza em seu alarde de artificialização, como emblema do estado-nação. 16:30h Profa. Dra. Beatriz Rauscher (UFU) Tessituras com o real: ações poéticas urbanas na pesquisa universitária. Mais que um produtor de formas, o artista é ator e personalidade de uma ação; às vezes ativista e crítico, cuja postura, mais social do que no isolamento no ateliê, o torna engajado, perturbador e vigilante: aquele que vigia os fatos e ouve seus ruídos. Assim Paul Ardenne (2004) define o modus operandi do artista que atua no campo da arte contextual. A pesquisa que conduzo no PPG Artes da Universidade Federal de Uberlândia reúne investigações de artistas visuais que têm a cidade (contexto urbano), não apenas como ponto de partida, mas, antes, sua matéria. Assim, ancora ações que se dão na esfera das operações da arte e, ao mesmo tempo, no espaço público, entendido aqui como ambiente urbano, social e cultural. Estas esferas implicam campos diferentes de reflexão para a concepção e a fundamentação dos trabalhos. Elas são chaves determinantes para a discussão e análise das produções dos artistas-pesquisadores envolvidos no projeto. 17:00h Profa. Dr. Jorge La Ferla (Universidade de Buenos Aires) Territórios audiovisuais: A educação sentimental A historia do audiovisual analógico está significativamente vinculada às tecnologias que a originam, cujas materialidades estão chegando ao fim. O dispositivo do cinema e do vídeo nos remete a um relato frequente nos estudos visuais que consideram as máquinas de imagens determinantes sobre a ontologia e ideologia do cinema, da televisão e do vídeo. Esta segunda década do terceiro milênio nos confronta com práticas artísticas com um audiovisual virtual, as quais em sua vinculação com a arte contemporânea, foi transformando-se da sala escura e da tela branca, do monitor e projetor até o cubo branco do museu, as redes e os dispositivos móveis. Nesta última década, e depois de cruzar a fronteira do fotoquímico ao digital, todas as especulações sobre o futuro da imagem em movimento entraram em crise. Os estudos fílmicos, desde suas origens em 1915 até o presente uniformizado pelas denominadas novas tecnologias, derivaram em uma ambiguidade onde o simulacro fílmico se vincula a uma práxis que amalgama os suportes fechados com as redes, os teatros interativos virtuais, as instalações imersivas, os dispositivos móveis, entre outros. A imagem numérica, a programação, o design de interfaces, a interconectividade oferecem diversos parâmetros que se imbricam com a linguagem cinematográfica e videográfica, e sua simulação e a arte das instalações. Esta prática artística entrou em conflito com os estudos tradicionais das artes audiovisuais. Esta conferencia analisa aspectos da dramática, porém fascinante reconversão do audiovisual até uma práxis expandida das artes midiáticas considerando o lugar das cenas de sua instrução. 17:30h Coffee-break 18:30h às 20:30h Fórum reunindo todos os participantes Fonte: http://www.dasartes.ufc.br/ - Acesso em 09 de junho de 2012.

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