domingo, 22 de fevereiro de 2015
NOMEANDO COISAS....
Platão, no Livro VII de “A República”, escreve que Sócrates propõe o seguinte: Imagina homens que estão numa morada
subterrânea, semelhante a uma furna, cujo acesso se faz por uma abertura que abrange toda a extensão da caverna que está
voltada para a luz. Lá estão eles, desde a infância, com grilhões nas pernas e no pescoço de modo que fiquem imóveis onde
estão e só voltem o olhar para frente, já que os grilhões os impedem de virar a cabeça. De longe chega-lhes a luz de uma
fogueira que arde num lugar mais alto, atrás deles, e, entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho em aclive ao longo do
qual se ergue um pequeno muro semelhante ao tabique que os mágicos põem entre eles e os espectadores quando lhes
apresentam suas habilidades.
– Estou imaginando... disse.
– Pois bem! Imagina homens passando ao longo desse pequeno muro e levando toda a espécie de objetos que ultrapassam a
altura do muro e também estátuas de homens e de outros animais, feitas de pedra e de madeira, trabalhadas das mais diversas
maneiras. Alguns dos que os carregam, como é natural, vão falando, e outros seguem em silêncio.
– Estranho é o quadro que descreves, disse, e estranhos também os prisioneiros...
– Semelhantes a nós... disse eu.
– Então se fossem capazes de conversar entre si, não achas que eles pensariam que, ao dar nome ao que estavam vendo,
estariam nomeando coisas realmente existentes? (§514a – §515b) (Platão. A república [ou Sobre a justiça, diálogo político]. Tradução
Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes. 2006. Título Original: ΠΟΛΙΤΕΊΑ – [ή περì δικαίομ,
πολιτικός])
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