Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito
de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo,
entre todos os galos.
João Cabral de Melo Neto (Poeta, brasileiro, 1920)
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